quarta-feira, 31 de julho de 2013

Entrevistas para o blog- exclusiva com Alysson Muotri


Esta entrevista também serviu como apoio para a reportagem veiculada no dia 05/08/2012 no Jornal O Globo.

Daniela Laidens

Imaginem um jogador de futebol tentando fazer um gol, lançando a bola no meio do campo... pois foi assim que eu me senti, quando em uma tarde de total pretensão, resolvi fazer um pedido pessoal ao renomado e muito atarefado Dr. Alysson Muotri...
E, para a minha surpresa (e alegria), não demorou muito para que ele me respondesse, acenando positivamente para uma entrevista para o blog. Pronto. A bola estava prestes a entrar. Imaginem: uma pessoa que você é super fã... de repente surge uma oportunidade dessas. Pois foi assim que emplaquei este gol. E estou imensamente feliz de compartilhar com vocês esta entrevista, que fiz com a colaboração do meu marido Anderson e minhas queridas amigas : Jackeliny Souto, mãe da Bruna e do Leo (que já abriu uma janelinha aqui), da Carolina S. Alves Corrêa (mãe do Thiago, do Matheus e da Isadora ) e da Geovana Centeno (mãe do Caio e da Mariana).

foto:extra.globo.com
Após alguns dias, em que mantive contato com o dr. Alysson, apresento à vocês o resultado disso tudo.  

 Alysson Muotri é um neurocientista brasileiro, formado pela Unicamp com doutorado em genética pela USP. Fez pós-doutoramento em neurociência e células-tronco no Instituto Salk de pesquisas biológicas (EUA). Hoje é professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia.
Em 2010, Muotri conseguiu transformar neurônios de pacientes com a sindrome de Rett em neurônios saudáveis. No início de 2012, fez o mesmo com autismo clássico.

Obrigada, dr. Alysson, pela gentileza, acessiblidade e, principalmente pelo carinho e respeito que tens pelos autistas!

Janelinha para o mundo: Qual foi a tua motivação para começar a trabalhar com o autismo?

Alysson: Comecei a trabalhar com autismo para entender a evolução do lado social do cérebro humano. Fui me interessando cada vez mais pelas diversas síndromes do espectro e me aproximando dos pacientes. Hoje, posso dizer que a minha motivação são os pacientes.

Janelinha para o mundo: Pode-se dizer que o autismo tem na sua grande maioria, fatores unicamente genéticos?

Alysson: Correto. Apesar de não sabermos exatamente qual o modo de herança do autismo (como é transmitido de uma geração para outra), sabemos que a contribuição genética é forte. A dificuldade em entender a parte genética esta no fato de que temos a contribuição de diversos genes ao mesmo tempo, cada um contribuindo de uma forma e intensidade diferente. Existem sim fatores ambientais que contribuem para o autismo, mas numa porcentagem bem pequena (~10%).
  
Janelinha para o mundo: Dentre os inúmeros fatores ambientais que possam desencadear o autismo como os citados e publicados em pesquisas profissionais que enquadram: febre durante a gestação, problemas de depressão ou estresse gestacional, alimentação materna durante a gestação e amamentação, problemas hormonais, inalação tóxica de mercúrio e outras toxinas, etc e outros. Qual destas é cientificamente palpável e plausível para a biologia neuronal?

Alysson: Interessante notar que de todos os fatores ambientais propostos pra explicar o autismo, nenhum mostrou-se forte o suficiente quando estudados de forma profunda. Ao meu ver a explicação estaria justamente na interação entre genética e ambiente, que é diferente em cada um de nós. Portanto, se somarmos uma gestação difícil em uma pessoa geneticamente privilegiada, ela poderá se recuperar ao nascer. A mesma gestação difícil, em um individuo geneticamente propenso, pode levar ao autismo. Acho que é por aí, não dá pra generalizar a questão ambiental na minha opinião.

Janelinha para o mundo: O autismo regressivo também possui causa genética? O que pode explicar a “demora” na sua manifestação?

Alysson: Sim, causa genética também. Imagine que os genes seriam como cartas de baralho e cada pessoa nasce com uma "mão" de 10 cartas. Se dessas 10 cartas, você tem 8 ruins, tem grandes chances de sair do jogo rapidinho, principalmente se os outros jogadores tiverem cartas boas (eles seriam o "ambiente" favorável ou não). Se o acaso lhe der apenas 3 cartas ruins, é capaz de você levar mais tempo pra sair do jogo. Alternativamente, você pode até ganhar o jogo começando com 3 cartas ruins, mas vai depender muito das cartas dos outros jogadores (ambiente). Vejo o autismo de forma semelhante, dependendo dos genes afetados os sintomas são mais cedos ou tardios, mais severos ou brandos.

Janelinha para o mundo: Há uma corrente forte de pais que acreditam que a (atual) quantidade de  vacinas durante a infância podem levar ao autismo. Existe algum estudo novo que comprove cientificamente esta vertente?

Alysson: Não. Existem sim diversos estudos que descomprovam essa teoria. Se existe alguma relação entre vacina é autismo não é regra.

Janelinha para o mundo: Eu tenho uma menina, com idade de 4 anos (diagnosticada com 3), que está em pleno desenvolvimento, graças ao diagnóstico precoce. Podes nos explicar por que o autismo é mais comum em meninos?

Alysson: Ninguém sabe ao certo. Uma das teorias é que muitos dos genes ligados ao autismo estão presentes no cromossomo X. Meninos (XY) possuem um único cromossomo X, enquanto que meninas (XX) possuem dois cromossomos X. Portanto, meninas possuem duas cópias de cada gene presente no cromossomo X. Caso uma das copias esteja alterada, elas possuem uma segunda copia funcional que daria maior resistência.

Janelinha para o mundo: É possível diagnosticar um feto com autismo através de análises genéticos e/ou laboratoriais após a conclusão de pesquisas como a sua e após descobertas medicamentosas desse porte?  

Alysson: Em teoria sim, mas não fizemos esse experimento ainda. O desenho experimental seria o de coletar células de uns 100 neonatos, gerar redes nervosas em laboratório usando nosso modelo, identificar aqueles propensos ao autismo e esperar até que os sintomas apareçam para confirmar o diagnóstico. Trabalhoso e demorado, mas vai ser feito no futuro, pois o impacto para a humanidade de uma ferramenta de diagnóstico desse tipo seria enorme.

Janelinha para o mundo: Encontrar a descoberta de uma droga eficaz é mais uma questão de tempo ou de financiamento?

Alysson:  Certamente uma questão de financiamento. Temos o modelo e as bibliotecas químicas, mas precisamos de financiamento para juntar as duas coisas. No meu laboratório, leva-se anos para testar algumas drogas manualmente. Queremos testar milhares de drogas em poucos meses usando métodos automáticos.

Janelinha para o mundo: Seu trabalho já reverteu o autismo clássico em um neurônio. E quanto aos casos mais leves como o Asperger, estariam solucionados, caso a descoberta de uma droga para os mais graves se concretizasse?

Alysson:  Uma parte do meu laboratório se preocupa em repetir esses experimentos com diversos tipos de autismo, inclusive Asperger. Sinceramente, acho que vai funcionar da mesma maneira.

Janelinha para o mundo: Seria possível considerar um prazo estimado para que esta tua pesquisa se reverta em uma medicação disponível para venda no mercado?

Alysson: O prazo estimado se tudo correr bem é de 10 anos, incluindo os ensaios clínicos e considerando que teremos uma nova droga experimental nos próximos 2-3 anos.

Janelinha para o mundo: Já existe algum interesse de laboratórios farmacêuticos ?

Alysson:  Estamos namorando com algumas Farmas, mas até agora nada de concreto.

Janelinha para o mundo: Esta medicação valeria para os autistas adultos?

Alysson: A resposta só viria com os ensaios clínicos em pacientes, mas não vejo porque não funcionar. A reversão em laboratório foi observada com neurônios funcionais, portanto ficaria surpreso se não funcionasse.

Janelinha para o mundo: Li recentemente, na Revista Autismo, uma possível parceria sua com a Microsoft. Isso é formidável. De que maneira este encontro pode beneficiar suas pesquisas?

Alysson:  A idéia é usar a parceira da Microsoft no desenvolvimento de uma plataforma inteligente para leitura e quantificação automática das sinapses formadas nas culturas de neurônios em laboratório. Seria a automatização de mais um passo do processo. A biologia já provou que o modelo funciona, precisamos agora da engenharia para acelerar e otimizar o caminho.

Janelinha para o mundo: Qual a participação e o interesse do governo brasileiro em sua pesquisa sobre o autismo ?

Alysson:  Zero. Ao contrario dos EUA e outros paises, nunca fui contactado pelo governo brasileiro sobre minha pesquisa com autismo. Faria sentido pois sou brasileiro e tenho interesse em levar futuros ensaios clínicos ao Brasil. No entanto estou fora do país há muito tempo e talvez não saiba exatamente como proceder para despertar o interesse do Brasil nessa área.

Janelinha para o mundo: As famílias têm pressa, mas não têm dinheiro; talvez tenham os meios para arrecadá-lo em um movimento internacional que poderia contar com empresas como o Facebook. O que achas disso? Acreditas que é viável uma campanha destas?

Alysson: Sim, acho que esse é o caminho. Não dá pra esperar ajuda do governo ou da indústria farmacêutica. Mesmo o governo americano não estando na melhor fase de financiamento de pesquisa, talvez a situação melhore no futuro, mas agora nos EUA é época de vacas magras. A indústria farmacêutica investiu bilhões em modelos de doenças neurológicas usando camundongos ou outros modelos não-relevantes. Elas tem medo de entrar num negócio novo e arriscado, preferem esperar pelos avanços da academia, que é mais vagaroso. Esse tem sido o quadro atual na minha constante busca por captação de recursos.

Janelinha para o mundo:  Uma pesquisa dessa importância e grandeza como as suas sobre autismo exige o foco integral do pesquisador ou há como se dividir com projetos paralelos?

Alysson:  Existem alguns projetos paralelos no laboratório, mas a maioria é focada no entendimento das causas do autismo e intervenção terapêutica no espectro autista.

Janelinha para o mundo:  Tens notícias dos outros grupos de pesquisadores, e dos resultados de suas respectivas pesquisas, que decidiram também pesquisar sobre o autismo, após a publicação da sua aclamada pesquisa sobre a Síndrome de Rett ?  Chegam a ocorrer trocas de “figurinhas” entre sua equipe e estes novos grupos?

Alysson: Sim, desde nossa publicação, outros grupos foram capazes de reproduzir nossos achados e inclusive mostrar resultados semelhantes em outras síndromes do espectro. Foi um salto enorme para a ciência e tem muita gente de olho nesse novo modelo. Posso dizer que a competição aumentou pro meu lado, mas não me importo, o que interessa é que tem mais gente pesquisando o autismo agora. A percepção de que existe a possibilidade de reversão dos sintomas do espectro autista é extremamente atraente aos cientistas, pois é muito mais agradável trabalhar em uma condição aonde existe esperança de tratamento ou cura.

Janelinha para o mundo: Depois de tua pesquisa ser divulgada, ficaste muito conhecido e “assediado” pelos pais brasileiros – e do mundo inteiro, que ainda não conheciam o teu abençoado trabalho. Viraste uma espécie de “ídolo” para nós. Isso te motiva ainda mais? 

Alysson:  Tento desmistificar essa imagem de "ídolo". Não fiz isso sozinho, tenho uma equipe excelente e motivada que acredita num futuro melhor para os pacientes. Continuo fazendo meu trabalho e não vou parar enquanto não encontrar uma maneira de ajudar os autistas a se tornarem mais independentes. Esse sim é meu objetivo final.

Janelinha para o mundo: Pais especiais tem preferência, tem sede e pressa. Quem poderia participar do programa de "cobaia-humana (clinical trial)" quando esses remédios forem autorizados para testes? E quanto tempo podemos esperar? O Brasil entraria no rol de designáveis?

Alysson:  Quando o momento chegar, vamos procurar por grupos de pacientes com características clínicas semelhantes. Por exemplo, pacientes com determinada idade, verbais ou não, com diâmetro cerebral grande ou pequeno e por aí vai. Quanto mais homogêneo o grupo inicial, melhor, pois os dados serão mais conclusivos, mais claros. Ainda não tenho esse perfil, mas provavelmente começaremos com adultos autistas clássicos. Sim, minha idéia sempre foi de fazer testes em dois lugares independentes, na California e no Brasil. Lógico que isso vai depender de outros fatores (suporte médico, apoio financeiro, etc), mas até lá ainda tem um tempinho. Tenho muita confiança no método científico e acho que o novo modelo abriu novas portas para o entendimento do autismo, trazendo esperanças para tratamento. É a luz

Janelinha para o mundo:  Agora falando no projeto “ a fada do dente” – apenas dentinhos de leite coletados de crianças diagnosticadas com o autismo clássico serão pesquisadas? Como os pais podem ajudar/enviar este material?

Alysson:  Sim, estamos focando em autismo clássico agora porque já coletamos bastante material dos outros tipos de autismo. A melhor forma de colaborar é entrar em contato pelo email projetoafadadodente@yahoo.com e pedir informações sobre como participar da pesquisa.

Janelinha para o mundo: E o surf? No meio desta tua vida agitada, ainda tem tempo para esta paixão?

Alysson: Porque estou viajando muito (muito mesmo), tive que reduzir o surf, mas sempre que dá eu caio na água. Assim como a Yoga, o surf me ajuda no equilíbrio físico e intelectual.

Janelinha para o mundo:
Que Deus abençõe suas ondas, seu corpo e espírito. Que continues sendo esta luz acesa, brilhante, aquecendo os corações de todas as famílias dos autistas. Namastê, dr. Alysson !

sábado, 27 de julho de 2013

Sugestão para leituras

PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA : SíndromesGenéticashttp://taismarapsicopedagoga.blogspot.com.br/2013/01/sindromes-geneticas.html

http://www.coladaweb.com/biologia/genetica/sindromes-geneticas/sindromes-infantis

http://criancagenial.blogspot.com.br/2008/04/criancas-especiais-sindrome-de-wiliams.html

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sindrome-willians.htm 


Fonte: http://portal.aprendiz.uol.com.br/2013/01/02/conheca-10-filmes-inspiradores-sobre-educacao/
Sugestões de 9 filmes sobre educação para reflexão...

A educação proibida, de German Doin (2012) O longa-metragem argentino, produzido de forma independente e disponível gratuitamente na Internet, mostra 45 experiências de ensino não convencionais. A ideia é incentivar que se repense as metodologias, valorize a diversidade educativa, a liberdade pedagógica e curricular. Assista, na íntegra:

Entre os muros da escola, de Laurent Cantet (2009) O filme francês expõe o choque cultural e social dentro de uma sala de aula, entre professor e alunos que vivem em constante conflito. Como sustentar um projeto pedagógico quando os estudantes não demonstram disposição e interesse é o foco da questão.

Waiting for Superman, de Davis Guggenheim (2010) A crise da educação pública nos Estados Unidos é o tema central do documentário, que apresenta ainda a busca incessante dos educadores por uma saída dentro de um sistema problemático.

Ser e Ter,de Nicholas Philibert (2002) O documentário mostra a rotina de uma escola no interior da França em que crianças de várias idades dividem a mesma sala de aula, modelo educativo comum na região. Além de ressaltar a influência do educador na formação dos alunos, “Ser e Ter” abre a mente para as diversas possibilidades de educação.

O filme alemão conta a história de um professor do Ensino Médio que, ao assumir um curso sobre autocracia, decide proporcionar uma experiência prática que explique os mecanismo de fascismo e poder. No decorrer do enredo, o longa-metragem aborda o contexto de uma juventude desmotivada e descrente em um futuro diferenciado.

Em um contexto social problemático e violento, uma jovem professora que trabalha em um bairro periférico nos Estados Unidos ensina seus alunos valores de tolerância e disciplina, promovendo uma reforma educacional na comunidade.

Pro dia nascer feliz, de João Jardim (2006) Trata-se de um diário de observação da vida de adolescentes no Brasil em escolas públicas e particulares de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O documentário flagra as angústias e inquietações dos alunos e como eles se relacionam no ambiente fundamental para sua formação.

Corrida para lugar nenhum, de Vicky Abeles (2010) Documentário mostra como a pressão da escola e da família para que os jovens sejam bem-sucedidos traz traumas psicológicos irreversíveis. O filme faz uma crítica à cultura da competitividade e da alta performance vigente na educação dos Estados Unidos.

A Sociedade dos poetas mortos, de Peter Weier (1989) O longa-metragem norte-americano conta a história de um professor de poesia que dribla os valores tradicionais e conservadores da escola onde trabalha e motiva seus alunos a contestarem e serem livres pensadores.

 Primeiros anos: O que fazer por meu filho autista na fase pré-escolar?


Primeiros anos: O que fazer por meu filho autista na fase pré-escolar?
Quando a criança está na fase pré-escolar e é diagnosticada com autismo ou Síndrome de Asperger, você pode experimentar sentimentos de tristeza e frustração. Mas lendo informações sobre o autismo, e fazendo uso das fontes de ajuda prática à disposição, você vai descobrir que há muito a fazer nesta fase para maximizar o desenvolvimento do seu filho. Este guia vai lhe ajudar a encontrar estratégias e programas úteis.

A intervenção precoce é conhecida por ajudar as crianças que estão com transtornos do desenvolvimento, incluindo a Transtorno do Espectro Autista (TEA), e a participação dos pais é essencial.
Algumas intervenções trabalham com e através dos pais para ajudar a sua criança (por exemplo, o programa Antecipada). Outros envolvem a criança em casa à base de programas intensivos (por exemplo, ABA (Análise do Comportamento Aplicada) e as opções do programa Son-Rise).
Há outras maneiras em que os pais podem escolher para ajudar a sua criança, tais como:
    • usando símbolos de imagem para o desenvolvimento da comunicação
    • tentando uma dieta sem glúten e / ou caseína
    O programa Antecipada

    Antecipada é um programa-mãe de três meses. Ele combina sessões de formação do grupo para os pais com visitas domiciliares individual, quando o feedback de vídeo é usado para ajudar os pais a aplicar o que aprenderam quando eles estão trabalhando com seus filhos.
    A pesquisa, realizada depois de configurar o programa Antecipada, confirmou os sentimentos dos pais de ser ajudado por que nele participam.
    Os pais têm um compromisso semanal com uma sessão de treinamento de três horas, ou uma visita domiciliar, e os trabalhos em curso com seu filho em casa, durante o programa de três meses de duração. Este modelo de curto prazo, com foco de intervenção precoce apoia pais no período entre o diagnóstico e o seu filho começar a escola.
    Antecipada destina-se a ajudar os pais a compreender que o desenvolvimento e o comportamento de seus filhos pré-escolares com autismo.
    ABA  O método Lovaas é uma abordagem de terapia intensiva precoce de comportamento para crianças com autismo e outras desordens relacionadas. É também conhecida como a UCLA (University of California Los Angeles) Modelo de Análise Comportamental Aplicada (ABA). É baseado na experiência de um clínico americano e pesquisas realizadas ao longo de mais de 30 anos por Ivar Lovaas. Lovaas e seus colegas recomendam que o tratamento deve começar o mais cedo possível, preferencialmente antes da criança completar cinco anos e, idealmente, antes que a criança chegue a três anos e meio. Isso é necessário para ensinar base social, educacional e habilidades para a vida diária. Ela também pode reduzir comportamentos estereotipados e destrutivos antes de serem estabelecidas. O programa baseado em casa é constituída por 40 horas semanais de terapia intensiva.  Resultados de estudos de Lovaas mostram a importância de manter estas horas, a fim de maximizar os benefícios para a criança. A terapia é na base de um-para-um de seis à oito horas por dia, de cinco à sete dias por semana, durante dois anos ou mais. Ensino em  sessões duram geralmente duas ou três horas sem interrupção. A intensidade da terapia significa que normalmente existe a necessidade de estabelecer uma equipe do programa, que normalmente consiste em pelo menos três pessoas. Essas pessoas participam do programa de formação. Todas as habilidades são divididas em pequenas tarefas, que são realizáveis e ensina de uma forma muito bem estruturada, acompanhada de muitos elogios e reforço. Exemplos de reforços são pequenas mordidas de comida, brincar com um brinquedo favorito e recompensas sociais, como elogios, abraços e cócegas. O programa de intervenção progride muito lentamente desde o ensino básico de auto-ajuda e das competências linguísticas, para o ensino de habilidades de imitação não-verbal e verbal, e que estabelece o início do jogo brinquedo. Depois que a criança tenha dominado as tarefas básicas, a segunda fase se inicia no ensina expressivo da linguagem abstrata e jogos interativos com seus pares. Em estágios mais avançados da intervenção da criança pode ser ensinada em casa e na escola. Lovaas e seus colegas acreditam que a intervenção precoce com uma minoria significativa de crianças (cerca de 50%) com autismo e transtornos relacionados são capazes de atingir a atividade educacional e intelectual normal pela idade de sete anos.Para as crianças que não atingem o funcionamento normal é  há geralmente diminuições substanciais nos comportamentos inadequados e aquisição da linguagem básica também é alcançado. O tratamento é extremamente longo e intenso e pode revelar-se muito caro. No entanto, um número crescente de pais têm utilizado este método e se mostram satisfeitos com os resultados.
    O Programa Son-Rise Este programa utiliza uma abordagem interativa para a intervenção precoce enfatizando a importância de desenvolver uma relação e comunicação entre a criança e seus pais. O programa é centrado na criança: a criança não é julgada e os seus comportamentos não são vistos como bons ou maus, mas sim a criança é vista como fazendo o melhor que pode. O método foi desenvolvido a partir dos esforços de Barry e Samahria Kaufman para ajudar seu filho autista, Raun. Os Kaufman projetaram e implementaram um programa baseado em casa para Raun, e depois publicaram suas experiências, que também foi feito um filme, 'Meu filho, meu mundo. Como o interesse cresceu, em 1983, eles estabeleceram a opção pelo Instituto e Bolsas nos Estados Unidos. A opção pelo Instituto oferece programas de formação para famílias com crianças especiais, utilizando os métodos originados por Samarhia Kaufman e ensinado sob a sua supervisão. A filosofia Son-Rise incentiva os pais (ou professor, terapeuta ou facilitador) a se tornarem o aluno no mundo da criança, observar, aprender, ajudar e apoiar o desenvolvimento da criança em um ambiente de amor e não julgamento. A criança torna-se o professor, orientador do processo, descobrindo e explorando o eu e o mundo.Esta abordagem de ir com a criança, ao invés de contra, ajuda a criança a tornar-se mais motivados a explorar e desenvolver. Muitas das idéias utilizados nesta abordagem pode ser vista em paralelo princípios que subjazem aos procedimentos de intervenção comportamental, especialmente aqueles utilizados no ensino suave. Os pais são treinados e, em seguida, configuram e gerenciam o programa em casa. O uso de uma sala de terapia, projetado para oferecer com o mínimo de distração é recomendado. A sala de tratamento deve ter difusores nas janelas, uma fonte de luz difusa artificial e apenas um adulto que trabalha com a criança a qualquer momento. Estas medidas se destinam a filtrar as distrações e ajudar a criança a se concentrar. Os materiais são colocados fora do alcance das crianças e só pode ser obtido pela criança através da comunicação com o adulto. A opção de abordagem enfatiza a imitação, com base em uma pesquisa mostrando que um adulto imitando as ações de uma criança aumenta o contato visual entre os dois e se desenvolve o uso de brincadeiras criativas.
    Usando símbolos imagem Crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) têm dificuldades com a comunicação social e são muitos lentos para desenvolver uma compreensão e utilização da linguagem falada. Como as pessoas com autismo são freqüentemente visuais, métodos de comunicação visual, tais como o uso de símbolos de imagem, pode realmente ajudar. O Picture Exchange Communication System (PECS) foi desenvolvido nos E.U.A. em 1987,  para ajudar crianças com TEA aprender a fazer pedidos e comunicar as suas necessidades. PECS ensina as crianças a trocar a placa de imagem de algo que eles gostam e querem. Objetos, imagens ou símbolos podem ser utilizados, de acordo com o nível de desenvolvimento da criança, mas muitas crianças com autismo encontram a linha menos detalhada do desenho de um símbolo de fácil compreensão, especialmente se esta for acompanhada de palavras escritas. PECS primeiro avalia as preferências da criança para um pequeno número de itens alimentares e alguns brinquedos. A criança é, então, ensinada em uma série de pequenos passos, para troca de um símbolo que representa um destes alimentos para o item em si. No primeiro, dois adultos auxiliam, será solicitado a troca do símbolo, ao invés de pegar o item que eles querem. A criança deve gradualmente tornar-se independente do adulto alertando e aprendendo que a comunicação é um processo de duas vias que podem atingir as necessidades desejadas. PECS é fácil de usar e não envolve equipamentos caros, testes ou de formação, apesar de existirem cursos de formação para os profissionais. PECS ajuda as crianças pré-verbais com autismo aprenderem a expressar suas necessidades. As crianças que já podem falar também podem se beneficiar do uso de símbolos de imagem para ajudá-los a compreender a seqüência de rotinas diárias. Usando imagens desta forma pode evitar acessos de raiva e ajudar as crianças a aprenderem as habilidades que envolvem a seqüência, como se vestir. Os símbolos também podem ser usados para ajudar a criança a compreender as escolhas, ou para reforçar o conceito de que algo está terminado e mostrar à criança o que vai acontecer em seguida.
    modificação da dieta Alguns pais usam uma dieta livre de glúten e / ou caseína para os seus filhos com um TEA. Glúten e caseína são encontrados em muitos alimentos processados, bem como em alimentos como pão, bolachas e bolos (glúten), e produtos lácteos (caseína). Carne, legumes e frutas não contém glúten ou caseína. Parece que as crianças que são mais propensas à problemas intestinais como constipação, diarréia ou fezes anormais, são mais beneficiadas com a dieta. Investigação sobre os efeitos das dietas de exclusão, e em área relacionada com o uso da secretina, ainda está em curso. Os pais podem obter ajuda no planejamento de uma dieta livre de glúten e / ou caseína, podem procurar uma nutricionista. Muitos supermercados oferecem produtos que são isentos de glúten. produtos estão disponíveis mediante receita médica em farmácias e outros são vendidos em lojas de saúde.
    Conclusão Existem várias opções disponíveis para a intervenção na idade pré-escolar. A escolha de qual é o melhor, provavelmente, variam de acordo com as preferências pessoais, finanças e tempo disponível. Há evidências de que estes podem ajudar uma criança em se adaptar ao seu entorno e, apesar de não fornecer qualquer tipo de cura, pode ajudar a melhorar a sua qualidade de vida
CORA
O Centro de Otimização para Reabilitação do Autista – CORA é uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover o atendimento aos portadores do Transtorno do Espectro Autístico auxiliando no desenvolvimento de habilidades sociais, terapêuticas e pedagógicas. Com uma proposta pedagógica associada à assistência social, promove ainda atendimento às famílias e o fortalecimento das comunidades. Nossos Programas e Projetos têm como missão específica buscar a mobilização dos diversos atores sociais (família, escolas e entidades ligadas às redes locais) para atuarem em parceria com o CORA.


ATENDIMENTOS
Centro de Atendimento Especializado em Transtornos do Espectro Autista no CORA
Nosso endereço: Rua Honório Bicalho, 102 - Penha RJ/RJ
Para marcar avaliação, enviar um e-mail com nome completo, idade, e telefone para contato, para contato@corautista.org assunto: Triagem e aguarde nosso contato.
Na primeira etapa é feita uma avaliação social. Segunda etapa, avaliação do TGD.
Não temos limite de idade para atendimento. Atendemos crianças, adolescentes e adultos.
Isenção de atendimento somente para os que comprovarem baixa renda. Para quem pode pagar é cobrado uma taxa mensal.
             CORA                                                                                                                                                                     O Centro de Otimização para Reabilitação do Autista – CORA é uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover o atendimento aos portadores do Transtorno do Espectro Autístico auxiliando no desenvolvimento de habilidades sociais, terapêuticas e pedagógicas. Com uma proposta pedagógica associada à assistência social, promove ainda atendimento às famílias e o fortalecimento das comunidades. Nossos Programas e Projetos têm como missão específica buscar a mobilização dos diversos atores sociais (família, escolas e entidades ligadas às redes locais) para atuarem em parceria com o CORA.
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Centro de Atendimento Especializado em Transtornos do Espectro Autista no CORA
Nosso endereço: Rua Honório Bicalho, 102 - Penha RJ/RJ
Para marcar avaliação, enviar um e-mail com nome completo, idade, e telefone para contato, para contato@corautista.org assunto: Triagem e aguarde nosso contato.
Na primeira etapa é feita uma avaliação social. Segunda etapa, avaliação do TGD.
Não temos limite de idade para atendimento. Atendemos crianças, adolescentes e adultos.
Isenção de atendimento somente para os que comprovarem baixa renda. Para quem pode pagar é cobrado uma taxa mensal.



COMO DEVO LIDAR COM MEU FILHO AUTISTA?

Comece por você, se reeduque, pois daqui prá frente seu mundo será totalmente diferente de tudo o que conheceu até agora. Se reeducar quer dizer: fale pouco, frases curtas e claras; aprenda a gostar de musicas que antes não ouviria; aprenda a ceder, sem se entregar; esqueça os preconceitos, seus ou dos outros, transcenda a coisas tão pequenas. Aprenda a ouvir sem que seja necessário palavras; aprenda a dar carinho sem esperar reciprocidade; aprenda a enxergar beleza onde ninguém vê coisa alguma; aprenda a valorizar os mínimos gestos. Aprenda a ser tradutora desse mundo tão caótico para ele, e você também terá de aprender a traduzir sentimentos, um exemplo disso: "nossa, meu filho tá tão agressivo", tradução: ele se sente frustrado e não sabe lidar com isso, ou está triste, ou apenas não sabe te dizer que ele não quer mais te ver chorando por ele.

Você irá educar bem seu filho se aprender a conhecer o autismo "dele", pois cada um tem o seu próprio, mesmo que inserido em uma síndrome comum.

Deverá aprender a respeitar o seu tempo, o seu espaço, e reconhecer mesmo com dificuldades que ele tem habilidades, e verá que no fundo elas são tão espetaculares !

Você irá aprender a se derreter por um sorriso, a pular com uma palavra dita, e a desafiar um mundo inteiro quando este lhe diz algum não.

Você começará a ver que com o tempo está adquirindo super-poderes, e que a Mulher-Maravilha ou o Super-Homem, não dariam conta de 10% do que você faz.

Você tem o super poder de estar em vários lugares ao mesmo tempo, afinal escola, contra-turno, natação, integração sensorial, consultas, fono, pedagoga, ufa...dar conta de tudo isso só se multiplicando e ainda se teletransportando ! Você é a primeira que acorda e última que vai dormir,isso é, quando ele te deixa dormir, e no outro dia tá sempre com um sorriso no rosto ao despertar do teu galã. Você faz malabarismos e consegue encaixar o salário da familia, em tantas contas e coisas que precisa fazer, que só mesmo com super-poderes. Você nota que seu cérebro é privilegiado, embora você nunca tivesse imaginado que dentro de você haveria um pequeno Enstein, pois desde o diagnóstico de seu filho, você já estudou: neurologia, psiquiatria, pediatria, fonoaudiologia, pedagogia,nutrição, farmácia, homeopatia, terapias alternativas, e tantas outras matérias. Você dá aula de autismo, ouve muitas bobagens em consultórios de bacanas, e ainda ensina muitos deles o que devem fazer ou qual melhor caminho a seguir para que seu filho possa se dar bem. Ah... e a informática que anteriormente poderia lhe parecer um bicho-de-sete-cabeças ... à partir deste filho, você encarou, e domina o cyberespaço como ninguém! São tantas listas de autismos, blogs, facebook, orkut, twitter ... ih ... pesquisa no google então, já virou craque, ninguém encontra nada mais rápido que você !

Uma hora você verá o que essa "reeducação" proporcionou a você, pois hoje você é uma pessoa totalmente diferente do que era antes de ser mãe de um autista. Nossa como você mudou, hein? E topará com a pergunta que não quer calar: "como devo educar meu filho autista?" Olhará ao redor, olhará para seu filho e perceberá que ele também está diferente, que ele cresceu, que já não é tão arredio, que as birras já não se repetem tanto, que ele até já te joga beijos! Que aquela criança que chegou solitária na escola, hoje já busca interagir, e já até fez algum amiguinho. Que ele já está aprendendo "jeitinhos" de se virar, e nem te requisita tanto mais. Então, chegará a conclusão que mesmo sem saber responder a tal pergunta, você tá fazendo um bom trabalho, e que ninguém no mundo poderia ser melhor mãe/pai que você para esse filho!

Por Claudia Moraes

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Os diferentes graus de autismo - parte 1

Música como recurso na aprendizagem das crianças autistas.


Dicas de recursos visuais. Geralmente nas escolas trabalha-se muitas músicas com áudio e cantado também Podemos  contribuir para o desenvolvimento da crianças autistas utilizando também  recursos visuais.Confeccionei esse material para uma criança que atendo,  que está contribuindo para seu desenvolvimento .
CAI, CAI, BALÃO.

Psicopedagoga Nilva Pontello Autismo no contexto escolar : Novos olhares: Musicoterapia e Autismo - Lorenzo - parte 1 de 2

Psicopedagoga Nilva Pontello Autismo no contexto escolar : Novos olhares: Musicoterapia e Autismo - Lorenzo - parte 1 de 2: Importância da música para o desenvolvimento da criança autista. Trabalho maravilhoso.

PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO EM AUTISTAS.

PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO ?

PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO ?

Mônica Accioly


Os pais das crianças com autismo geralmente são responsabilizados pelos “ataques de birra” de seus filhos. As pessoas não entendem as reações das crianças e culpam os pais por não “darem limites” a seus filhos.Como estamos acostumados a manter o controle nos ambientes que freqüentamos, ninguém imagina como o cérebro de uma criança pode entrar em “sobrecarga” (palavra muito usada pelos próprios autistas para descreverem o que sentem). Elas freqüentemente não conseguem filtrar os estímulos que as cercam (auditivos, visuais e táteis) e sentem como se todos os atingissem ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. Para nós, a adaptação e a “filtragem” dos estímulos é automática. Escolhemos aquele estímulo que mais nos interessa numa situação (a voz de uma pessoa, por exemplo) e, automaticamente, os outros ficam em segundo plano. No autismo não é assim. A criança não consegue fazer isso automaticamente. O seu cérebro fica confuso devido a entrada de vários estímulos ao mesmo tempo e ocorre a sobrecarga.Muitos dos problemas de comportamento apresentados por essas crianças, deve-se a um colapso no controle dessa filtragem de estímulos. Portanto, quando seu filho tiver uma “crise de birra”, primeiramente observe:


1 - Avalie a situação em que ocorre o problema de comportamento. Lembre-se dos diversos estímulos (excesso de luzes, sons, vozes, multidão, toque, mudanças na rotina, imprevistos, situações novas ou desagradáveis, etc) que “sobrecarregam” os sistemas sensoriais da criança com autismo.


2 – Quando as crianças têm um sorriso no rosto, podem cooperar e prestar atenção. Mas quando estão cansados, confusos, frustrados, ansiosos, podem entrar em devastadora “sobrecarga de sensações”.


3 – A maioria das crianças “sinaliza” sua ansiedade de alguma forma. Talvez se torna agitada e, neste caso, essa agitação deve ser interpretada como comunicação : “Salve-me antes que eu perca o controle”.


4 – A dificuldade em comunicar algo ou pedir ajuda pode levar a um estado de frustração.


5 – Eles não gostam de perder o controle. Essas reações não são planejadas, são reações, isto é, a criança reage a algo que a incomoda ao extremo. Ao extremo dela perder o controle!

6 – Quem mais sofre nestas situações é a própria criança. Para ela, é difícil “voltar” depois que ultrapassou o próprio limite de “sobrecarga”.


7 – Você pode ajudar a criança a “voltar”.

PARA EVITAR QUE AS CRISES DE BIRRA OCORRAM, LEMBRE-SE :

A – A criança com autismo pode não generalizar uma regra. Talvez ela se comporte em casa mas não na escola, ou ao contrário. Pode aprender a se comportar numa situação, num determinado ambiente, mas para se comportar num outro ambiente, vai ter que aprendernovamente. Cada vez é a primeira vez. É preciso sempre lembrá-la de como deve se comportar.


B – Quando a criança fica sem ter o que fazer, podem ocorrer os movimentos de auto-estimulação ( que também os ajudam a lidar com uma situação nova ). Nestas ocasiões você pode oferecer a ela algo que seja mais interessante. Mas a família deve procurar preencher o tempo da criança de maneira sistemática ( usar figuras sobre a rotina diária pode ajudar).


C – Situações novas ou inesperadas também causam ansiedade. . Prepare sempre o seu filho para o que vai acontecer. Ele vai ficar mais calmo. Se você usar figuras, vai ser mais fácil ele entender, principalmente se ele perceber que depois de uma situação difícil (ida ao médico ou a o dentista, por exemplo), ele vai poder descansar ou fazer algo que gosta.


D – Criticar , provocar, insistir que uma recusa da criança é “bobagem”, é contra-produtivo e piora as coisas. Respeite os limites do seu filho. Lembre-se de que você pode estar forçando limites de tolerância sensoriais ou emocionais. Ele pode, sim, se acostumar a algumas situações que a princípio são difíceis para ele, mas para isso precisará de tempo e paciência.


CASO AS CRISES OCORRAM :


Seu filho não sabe o que fazer para “voltar” ( lembra-se que ele perdeu o controle?) nem o que fazer para se corrigir.
Ele precisa que você não perca o controle!
Ajude-o falando baixo, com voz suave e calma, repetindo uma palavra que ele entenda, cantarolando uma música que ele goste, ou descrevendo seu lugar predileto.Se ele estiver, por exemplo, batendo a cabeça contra a parede, diga “parado” e repita várias vezes com voz tranqüila, ajudando-o , gentilmente, a parar o movimento (apenas se ele é uma criança que aceita bem ser tocado). Se ele estiver gritando, diga “calado” ou “feche a boca”. Se estiver batendo em alguém ou nele mesmo, você pode dizer “mãos prá baixo”.Você ainda pode ajudar falando das coisas que ele gosta de fazer, por exemplo, “balanço” ou “praia” . Músicas também ajudam. Mas não esqueça de falar devagar, baixo e manter sua tranqüilidade. Com o tempo, você vai ver que ele vai fazer isso sozinho.Outra opção é dar a ele um ritmo. Se ele às vezes usa um movimento repetitivo qualquer para se acalmar, você pode tentar tocar levemente em seu ombro, em toques repetitivos e ritmados. O ritmo conhecido é seguro e calmante.
Lembre-se que o seu filho não entende porquê você fica “zangado” e, se for tratado com agressividade, REFLETIRÁ (como num espelho) essa atitude. Ele percebe melhor as emoções do que as palavras ou ações dos outros. Quanto mais você “zangar’ com ele, mais seu comportamento se tornará difícil. Portanto, é importante amá-lo quando falar com ele.
Finalmente : As crianças com autismo são antes de tudo ... crianças! E haverá momentos em que estarão tendo comportamentos característicos da idade ou do seu temperamento. Nestes momentos o “velho” castigo funciona bem, desde que a criança entenda o que está acontecendo. Se não, será inútil. Cabe então aos pais analisarem cada situação (em caso de dúvida, volte ao ítem 1).

Abaixo, trechos extraídos e traduzidos do livro “Somebody Somewhere” de autoria de Donna Williams (autista, formação universitária) que ilustram e explicam os transtornos causados pelo distúrbio sensorial, o que ela mesma chama de “inferno sensorial”:
“Dentro do meu armário escuro, os tecidos balançavam na minha frente. A segurança da minha querida escuridão. Ali, o bombardeamento das luzes e das cores berrantes, os movimentos e o blá-blá-blá , o barulho imprevisível e o toque incontrolável das pessoas, não existiam. Ali era um mundo seguro, onde as coisas estariam sob controle até que eu tivesse me acalmado o suficiente para pensar ou sentir algo. Eu tocava o tecido na minha frente, corria minha mão sobre a superfície sedosa dos sapatos de couro aos meus pés. Eu os pegava e passava no meu rosto. Ali, não havia a última gota que me levaria da sobrecarga ao fechamento.”...................................................
“ A menininha gritava e se balançava , com os braços prá cima tampando os ouvidos para manter os ruídos distantes, e com os olhos cruzados para bloquear o bombardeamento dos ruídos visuais. Eu olhava aquelas pessoas e desejava que soubessem o significado de inferno sensorial.”
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“Ela prendeu a respiração, começou a ranger os dentes ritmicamente, endureceu como uma rocha, e continuou tentando bater nela própria, mesmo tendo as mãos seguras para baixo.“Ela tem outra coisa prá comer?” perguntei. “Ela trouxe sanduiche”, disse a auxiliar, “mas não sabe comer sozinha”. “Posso ajudar?” perguntei.Ficaram agradecidas. As funcionárias se ocuparam das outras crianças ao redor da mesa. Eu sentei num banco ao lado de Jody. O sanduiche dela estava embrulhado em plástico, na sua frente.Comecei a cantarolar gentilmente. A melodia era curta, rítmica e hipnótica. Eu a repeti muitas e muitas vezes. Jody , junto a mim, fixava o nada. Ela prendia a respiração, se balançava e rangia os dentes. Permaneci cantarolando até que ela parou de ranger os dentes. Eu continuei, repetindo a melodia muitas e muitas vezes. Comecei a tocar levemente em seu ombro, acompanhando o ritmo da música, que não mudava, sempre contínuo e previsível. Jody parou de se agredir.As mãos dela estavam agora livres e Jody podia usá-las. Alcançou o sanduiche, rasgou a embalagem e enfiou a cara nele. Jody talvez não fosse muito elegante para comer, mas ao menos estava independente e pode se alimentar sozinha.”
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“Donna, venha dizer oi ao Eric”, disse minha mãe.Instantaneamente, um fogo me consumiu e minha cabeça foi em direção ao estômago de Eric, enquanto meus pés corriam a toda velocidade a seu encontro . Eu era um trem a vapor de treze anos . Ele saiu da frente no último instante para evitar a cabeçada. Minha cabeça bateu na parede e eu vi estrelas antes de apagar.“Ela é maluca” explicou minha mãe pela enésima vez.Eu não podia evitar. Eu havia sentido emoções.”
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“Eu estava exausta de ter minha atenção vagando por todos os objetos luminosos ou coloridos, seguindo todos os padrões e formas, e a vibração do som ressoando nas paredes.Eu costumava amar tudo isso. Era o que me salvava e me afastava do mundo incompreensível, quando eu já havia desistido de encontrar o sentido de tudo. Meus sentidos então, paravam de me torturar e diminuíam de sobrecarregados para um nível divertido, seguro e hipnóticamente hiper. Este era o lado bonito do autismo. Este era o santuário da prisão.”
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“Eu sentei sobre o meu tapete vermelho, meus braços a minha volta, e esperei pelo impacto. Após vinte e seis anos aprendi que não era a morte que se avizinhava, mas emoções.Qual? Qual? gritava um impulso mudo dentro de mim. Se ao menos eu pudesse nomear esses monstros , ligá-los aos lugares e rostos de onde eles tinham vindo, eu me libertaria.O monstro estava de volta....Toda vez era como se fosse para sempre, um tiket só de ida para o inferno. Não havia lembranças de que sempre havia um retorno....Meu corpo tremia como um terremoto, meus dentes se chocavam como o som de uma datilógrafa atacando as teclas de uma máquina de escrever. Cada músculo tão tenso como se fossem espremer toda a vida de dentro de mim. E relaxavam apenas para que eu fosse atacada muitas e muitas vezes por um maremoto. Um grito subiu até minha garganta mas foi estrangulado e explodiu num grito silencioso, interno. Respire, vinha o pensamento a cada intervalo. Eu respirava profundamente, ritmicamente. Eu estava escapando.
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Referências :
Ray’s Autism Page : http://web.syr.edu/~rjkopp/autism.html
Paris’ Place : www.accessin.com.au/~paris/autism/faq1.htm
“Somebody Somewhere” – Donna Willians

Fonte: Site do mão amiga

Menino autista gênio da física é cotado para um dia levar Nobel. Médicos diziam que ele provavelmente não aprenderia a ler. Hoje, especialistas afirmam que QI do jovem é superior ao de Albert Einstein

Aos dois anos de idade, o jovem americano Jacob Barnett foi diagnosticado com autismo, e o prognóstico era ruim: especialistas diziam a sua mãe que ele provavelmente não conseguiria aprender a ler ou sequer a amarrar seus sapatos.
Mas Jacob acabou indo muito além. Aos 14 anos, o adolescente estuda para obter seu mestrado em física quântica, e seus trabalhos em astrofísica foram vistos por um acadêmico da Universidade de Princeton como potenciais ganhadores de futuros prêmios Nobel.
O caminho trilhado, no entanto, nem sempre foi fácil. Kristine Barnett, mãe de Jacob diz que quando criança, ele quase não falava e ela tinha muitas dúvidas sobre a melhor forma de educá-lo.
jacob barnett gênio física
Jacob Barnett, de 14 anos, prepara sua tese de 
Phd
 em sistemas quânticos.
“(Após ser diagnosticado), Jacob foi colocado em um programa especial (de aprendizagem). Com quase 4 anos de idade, ele fazia horas de terapia para tentar desenvolver suas habilidades e voltar a falar”, relembra.
“Mas percebi que, fora da terapia, ele fazia coisas extraordinárias. Criava mapas no chão da sala, com cotonetes, de lugares em que havíamos estado. Recitava o alfabeto de trás para frente e falava quatro línguas.”
Jacob diz ter poucas memórias dessa época, mas acha que o que estava representando com tudo isso eram padrões matemáticos. “Para mim, eram pequenos padrões interessantes.”

Estrelas

Certa vez, Kristine levou Jacob para um passeio no campo, e os dois deitaram no capô do carro para observar as estrelas. Foi um momento impactante para ele.
Meses depois, em uma visita a um planetário local, um professor perguntou à plateia coisas relacionadas a tamanhos de planetas e às luas que gravitavam ao redor. Para a surpresa de Kristine, o pequeno Jacob, com 4 anos incompletos, levantou a mão para responder. Foi quando teve certeza de que seu filho tinha uma inteligência fora do comum.
Alguns especialistas dizem, hoje, que o QI do jovem é superior ao de Albert Einstein.
Jacob começou a desenvolver teorias sobre astrofísica aos 9 anos. No livro The Spark (A Faísca, em tradução livre), que narra a história de Jacob, ela conta que buscou aconselhamento de um famoso astrofísico do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, que disse a ela que as teorias do filho eram não apenas originais como também poderiam colocá-lo na fila por um prêmio Nobel.
Dois anos depois, quando Jacob estava com 11 anos, ele entrou na universidade, onde faz pesquisas avançadas em física quântica.
Questionada pela rede BBC que conselhos daria a pais de crianças autistas – considerando que nem todas serão especialistas em física quântica -, Kristine diz acreditar que “toda criança tem algum dom especial, a despeito de suas diferenças”.
“No caso de Jacob, precisamos encontrar isso e nos sintonizar nisso. (O que sugiro) é cercar as crianças de coisas que elas gostem, seja isso artes ou música, por exemplo.”

TERAPIA OCUPACIONAL NOS TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO

TERAPIA OCUPACIONAL NOS TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO




COMO A TERAPIA OCUPACIONAL ATUA NOS CASOS DE DISTÚRBIOS INVASIVOS?


A terapia ocupacional conta com vários modelos teóricos de intervenção e uma abordagem bastante usada na área infantil é a terapia de integração sensorial. A terapia de integração sensorial foi desenvolvida pela terapeuta ocupacional norte americana, A. Jean Ayres, que se dedicou ao estudo das bases neurobiológicas dos distúrbios de aprendizagem. Ela desenvolveu uma teoria que procura explicar como o cérebro organiza informações sensoriais de forma a produzir padrões estáveis de comportamento, que vão permitir a interação produtiva com o ambiente e a aprendizagem. Segundo Ayres (1988) " Integração Sensorial é o processo neurológico que organiza as sensações do corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do corpo no ambiente". Tudo que nós fazemos no nosso dia-a-dia, depende de informações sensoriais, é o alarme sonoro do relógio que nos acorda pela manhã, é o molejo do ônibus que dá sonolência, o barulho irritante dos carros, o conforto tátil de um abraço amigo ou uma propaganda colorida que atrai nossa atenção. É um mundo vasto de informações sensoriais, que precisam ser organizadas, caso contrário, bombardeados por estímulos, nossa atenção vai flutuar de um ponto a outro, sem conseguir focar em algo e aprender com as interações com o ambiente.


Crianças com falhas de processamento sensorial tendem a ser mais desorganizadas, muitas vezes tem dificuldade para prestar atenção e se relacionar com as pessoas, pois não organizam e interpretam informações sensoriais da mesma maneira que os outros. Apesar de todas as informações sensoriais serem importantes, a teoria de integração sensorial dá grande ênfase aos sistemas que processam informações do nosso corpo, nas quais nem sempre prestamos atenção, que são os sistemas tátil, vestibular e proprioceptivo. Estes sistemas, junto com a audição e a visão, mais estudados em outras abordagens, são considerados fundamentais para o desenvolvimento da criança.


O sistema tátil processa informações sobre aquilo que esta em contato com a pele, a temperatura, a textura, o formato e o deslocamento de objetos. Essas informações são vitais para nos proteger de perigo, por exemplo, quando retiramos rapidamente a mão que toca em um objeto quente, e são essenciais para o controle de movimentos finos, nos informando sobre a posição de objetos nas mãos, para que possamos manejá-los com destreza.O sistema vestibular, mais conhecido entre as pessoas como labirinto, localizado no ouvido interno, processa informações constantes sobre a gravidade emovimentação da cabeça em relação ao corpo, contribuindo para o controle do tônus postural, do equilíbrio e para o controle da movimentação reflexa dos olhos, que ajuda na orientação espacial no ambiente e influencia também nosso nível de alerta A estimulação do sistema vestibular, através do balanceio rítmico ou do girar e rodar, é muito usada de maneira intuitiva pelas pessoas. Toda mãe sabe acalmar uma criança embalando-a no colo e muitos de nós procuramos na rede ou na cadeira de balanço o ritmo certo para desencadear um cochilo. É bom lembrar que a estimulação desse sistema pode ter efeitos potentes. Quem nunca sentiu náusea após rodar, andar de carro no banco de trás ou mesmo subir num daqueles estacionamentos com rampa circular? Quem nunca viu uma criança tão excitada após o dia no parque, balançando e movimentando, que ela nem consegue dormir?Propriocepção são as informações que recebemos dos músculos, ligamentos e articulações, nos informando sobre a posição das partes de nosso corpo no espaço, a força e a direção de movimento. Essas informações nos permitem movimentar sem precisar constantemente olhar o que estamos fazendo, como quando abotoamos uma blusa, ou pegamos uma chave dentro da bolsa. A propriocepção, juntamente com o as informações vestibulares e táteis, nos dão sensações básicas para o desenvolvimento da consciência corporal, que vão guiar nossas interações físicas com o ambiente. Na maioria das pessoas os mecanismos de integração sensorial se desenvolvem normalmente, como resultados das brincadeiras infantis e interações com o ambiente, pessoas e objetos. Estas vivências vão promover uma série de estímulos, que pouco a pouco vão sendo organizados, para permitir maior controle dos níveis de alerta, com aumento da atenção dirigida e melhor potencial para aprendizagem. Segundo Ayres (1979) as sensações são como um alimento para o cérebro, mas a criança precisa desenvolver habilidade para organizar e interpretar essas informações, caso contrário é como se estivéssemos em um engarrafamento de trânsito, onde todos querem passar, mas as vias não são suficientes, gerando desorientação e frustração.


O QUE É A DISFUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL?


"Meus sentidos são super sensíveis ao barulho e ao toque. O barulho especialmente quando é bem alto, dói meus ouvidos, e eu evito ser tocada para não ter que sentir aquela sensação opressiva" (Grandin, 1992,p.1). Esse trecho do relato de Grandin, uma autista adulta, famosa mundialmente por ricas descrições de suas experiências sensoriais na infância, descreve bem oque significa ter uma disfunção severa de integração sensorial. Disfunção de integração sensorial é conceituada como a inabilidade para modular, discriminar, coordenar ou organizar sensações de maneira adaptativa para responder adequadamente às demandas ambientais (Lane, Miller & Hanft, 2000). Geralmente as disfunções de integração sensorial são classificadas 0 em problemas de modulação, como relatado acima por Grandin, e falhas na discriminação de estímulos. Modulação sensorial quer dizer capacidade para regular e organizar a intensidade e natureza da resposta aos estímulos sensoriais, ou seja nem resposta demais, ou hiper-reação, nem resposta de menos, ou hipo-reação. Cada um de nós tem um padrão de modulação, ou nível de alerta para certos estímulos, que varia de acordo com a tarefa e horário do dia. Observa-se, no entanto, que algumas crianças parecem estar sempre com os "nervos a flor da pele" e qualquer coisa as irrita. Outras se mostram mais apáticas, respondendo pouco ao ambiente, já algumas pessoas flutuam de um dia para o outro, ou de momento a momento, mostrando comportamento desorganizado e imprevisível. Padrões desorganizados de modulação sensorial tem grande impacto no comportamento e desempenho funcional e parecem bastante relacionados com alguns dos comportamentos observados em crianças com distúrbios invasivos (Weider, 1996).Os distúrbios de modulação sensorial mais comuns e mais bem descritos na literatura são relacionados aos sistemas tátil e vestibular. A defensividade tátil é um distúrbio de modulação caracterizada por reação aversiva ao contato físico com pessoas e objetos. A criança parece não gostar de ser tocada e muitas vezes rejeita beijos e abraços, o que acaba sendo interpretado como falta de afeto ou rejeição pelos cuidadores. Crianças com defensividade tátil parecem mais agressivas e agitadas, pois na tentativa de evitar contato físico, acabam por empurrar ou dar tapas nos colegas, se envolvendo em brigas e desencadeando confusão. Muitas vezes elas preferem brincar isoladas, evitando materiais como areia, grama e cola. A hipersensibilidade na boca e região perioral, pode resultar em problemas alimentares, pois a criança rejeita a textura de certos alimentos, sendo comum que a mãe prolongue o uso da papinha, para facilitar a alimentação. Apesar de ser uma disfunção de processamento sensorial, a defensividade tátil tem grande impacto na vida afetiva da criança, que desde pequena é caracterizada como birrenta, irritável, agressiva, o que acaba afastando os amigos e influenciando o relacionamento com os pais. Esse tipo de problema aparece várias vezes nas descrições de Grandin (1992), ela relata, por exemplo, que: "Quando as pessoas me abraçavam, eu ficava enrijecida e tentava me afastar delas para evitar a enxurrada de estímulos desagradáveis. Eu parecia um animalzinho feroz resistindo"(p.4) ..... "Eu sempre me comportava mal na igreja quando criança; minha anágua coçava e arranhava. As roupas de domingo eram diferentes na minha pele. O maior problema era a troca das calças que eu usava a semana toda para as saias no domingo... Hoje em dia eu uso roupas que tenham textura semelhante. Meus pais não tinham idéia de porque eu me comportava tão mal"(p.3).


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE DEFENSIVIDADE TÁTIL NA CRIANÇA:


• Reage negativamente ao contato tátil leve, podendo se esquivar ou se mostrar agressiva, empurrando ou unhando os colegas e pessoas que se aproximam para tocá-la. Às vezes só aceita o contato físico com a mãe ou cuidador.

• Evita abraços e beijos, é comum escorregar entre os braços ou esfregar a área onde foi beijada, como que limpando.

• Reage negativamente quando nos aproximamos por trás, se assustando com facilidade.

• Evita tocar ou demonstra aversão quando toca certas texturas, como areia, animais de pelúcia, bichos de borracha, certos tipos de tecido.

• Evita atividades táteis, tais como, massinha, pintura a dedo, cola nos dedos.

• Evita retirar as meias e andar descalça na grama ou no carpete.

• Tem peculiaridades com relação ao vestuário, preferindo roupas mais largas, mais velhas, semelástico ou golas mais justas.

• É chata para comer, não aceita a textura de certos alimentos, preferindo alimentação mais pastosa, cospe fora pedacinhos (ex: casca de tomate), escolhe muito o que come, separando coisas no canto do prato.

• Qualquer coisinha machuca ou dói, reclama de tudo, se alguém encosta, se toca um objeto frio. Tem reações exageradas a pequenos arranhões e ferimentos, às vezes até o vento, como o do ventilador, incomoda.


É comum que a defensividade tátil apareça associada a outros sinais de hiper-sensibilidade sensorial, como respostas aumentadas para odores e sons. Crianças hipersensíveis, como exemplificado no caso de Ricardo, no inicio do capítulo, tendem a ser muito irritáveis desdebebês, sendo difícil entender seu comportamento. Elas horam ao contato físico com os pais, rejeitam alimentos e se irritam com qualquer ruído, especialmente sons como o do secador de cabelo, liqüidificador e aspirador de pó.


Já os problemas de modulação na área vestibular, geralmente se manifestam pelo medo excessivo de movimento ou insegurança gravitacional, em que a criança não suporta tirar os pés do chão, chorando quando colocada em balanços e desenvolvendo verdadeiras fobias de parquinhos. Algumas crianças apresentam sinais de reposta aversiva ou de intolerância ao movimento, com reação de náusea e mal estar quando movimentadas ou balançadas, quando andam de carro, ou mesmo, quando são levantadas do chão. Todos esses problemas podem se apresentar combinados e em diversos graus de gravidade, como bem descrito na Classificação Diagnóstica de 0-3 (NCCIP), no que se refere a transtornos regulatórios no bebê e na criança pequena. Observa-se que quanto maior a severidade das falhas de modulação sensorial, ou quanto mais acentuada a hiper-sensibilidade a estímulos variados, maior a desorganização do comportamento. Tais problemas de modulação são vivamente ilustrados pelas descrições de Grandin:


"Minha audição funciona como se eu usasse um aparelho auditivo cujo volume só funciona no"super alto". É como se fosse um microfone ligado que capta todo o barulho ao redor. Eu tenho duas escolhas: deixar o microfone ligado e ser inundada pelo barulho, ou desligar. Minha mãe conta que algumas vezes eu agia como se fosse surda" (Grandin, 1992, p.2)"Quando eu era pequena, barulhos altos eram um problema, geralmente eu o sentia como sefosse a broca de um dentista pegando um nervo. Eles de fato me causavam dor. Eu tinha medo de balões estourando, porque o som parecia uma explosão nos meus ouvidos" (Grandin, 1995, p.67)


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS HIPERREAÇÃO A OUTROS ESTÍMULOS SENSORIAIS:


Estímulo Vestibular

• Fica inseguro quando os pés não tocam o chão. Muito medo de balanço,.

• Apresenta sinais de náusea ou enjoo com movimento, por exemplo, quando anda de carro ou no elevador, nos balanços do parque).

• Não gosta de brincadeiras em que tenha que ficar de cabeça para baixo, evitando atividades, como dar cambalhota.

• Demostra medo excessivo ou insegurança para subir ou descer escadas.

• Evita escalar e pular, se mostrando inseguro quando anda em superfícies irregulares.

• É muito cauteloso para se movimentar, tem muito medo de altura. Evita brincar com os colegas se isolando, por exemplo, na hora do recreio na escola.
Estímulo Proprioceptivo

• Irritável ao manuseio físico. Crianças pequenas podem ficar muito incomodadas com mudanças de posição do corpo, se irritando, por exemplo, com a troca de roupas.

• Não gosta de ginástica e de aulas de educação física.

• É pouco harmonioso ou tenso ao se movimentar.

• Evita atividades de puxar ou pendurar - se em barras .

• Insiste em aceitar apenas determinadas texturas e consistência de alimento.


Estímulo Visual

• Dificuldade de desviar o olhar de um objeto para outro

• Desconforto ou evita luz brilhante e pode continuar incomodado mesmo quando os outros já se adaptaram a ela .

• Gosta de luzes fracas ou óculos de sol .

• Evita contato visual.

• Demonstra desconforto em lugares que tenham muito estímulo visual ( ex: Shopping Center onde há muitos letreiros coloridos ).

• Cansa facilmente ou fica irritado quando realiza atividades visuais complexas, como por exemplo, fazer quebra cabeça.


Estímulo Auditivos

• Fica muito incomodado ou irritado com sons altos ou inesperados, como o estouro de balões, enceradeira , secador de cabelo e fogos de artifício.

• Distrai-se facilmente ou tem dificuldade para concentrar-se com barulho ao redor (Ex: televisão ligada , ventilador, rádio).

• Tampa os ouvidos com as mãos sem motivo aparente

• Chora em lugares cheios e barulhentos.


Crianças hipersensíveis tendem a ser mais agitadas, pois sua atenção é constantemente solicitada por estímulos irrelevantes. É o barulho da geladeira, a etiqueta da blusa que incomoda, o mosquito voando com aquele barulho irritante, o cheiro da merenda do colega, o brinquedo colorido do vizinho, que ele agarra impulsivamente, mas logo solta, já atraído por outros estímulos, indo de ponto a ponto, como que prisioneiro dos estímulos ambientais. Para algumas crianças os estímulos ambientais são tão perturbadores, que elas acabam se isolando, como relatado por Grandin (1992.p.7):


"Eu provavelmente criei um mundo à parte para me proteger dos estímulos com os quais eu não conseguia lidar".


Apesar do comportamento agitado e desorganizado relacionado à hiper-sensibilidade sensorial, ser bastante comum em crianças que apresentam distúrbios invasivos, muitas dessas crianças,ao contrário, são mais passivas, tendendo a se isolar do mundo, como relatado por Grandin e exemplificado no caso de Lucas, a seguir.


O comportamento pouco ativo de Lucas sempre intrigou os pais, mas ele era um bebê tão bonzinho, que ninguém se preocupava com ele. No berço Lucas ficava por longo tempo observando as mãos, quando bebê ele ainda sorria para os pais, mas a medida que foi crescendo foi se tornando mais arredio. As poucas palavras que falava aos 18 meses desapareceram por volta dos 2 anos e Lucas passou a ter comportamentos repetitivos, como bater portas, andar pela casa no escuro, se assustar com qualquer som inesperado, mas, ao mesmo tempo, gostava de fazer sons repetitivos. Natal e aniversário eram festas complicadas, pois era difícil escolher um brinquedo, uma vez que Lucas não mostrava interesse por nada. Todos perguntavam o que dar a ele e a mãe ficava sem saber o que dizer. Aos 4 anos Lucas não gostava de lugares movimentados, não tinha amigos e não atendia aos comandos da professora na escola. Apesar de ser uma criança quieta, Lucas tinha que ser vigiado, pois caia com freqüência, por não prestar atenção em obstáculos, e muitas vezes era pego no alto da escada ou em lugares perigosos, se deslocando sem nenhum cautela, com risco iminente de queda. Uma observação interessante das professoras, é que quando caia Lucas nunca chorava, sendo comum que ele tivesse várias escoriações pelo corpo, mas não esboçava nenhuma reação de dor ou mal estar.
O comportamento de Lucas sugere uma tendência à hipo-sensibilidade ou hipo-reação a estímulos. Esse é o outro extremo dos problemas de modulação, em que a criança parece responder pouco ao ambiente, muitas vezes se isolando, pois tem dificuldade para registrar e se orientar para os estímulos ambientais. Muitas dessas crianças desenvolvem estereotipias e comportamentos repetitivos, como o bater portas, no caso de Lucas, o balanceio rítmico, a mordedura e balanceio das mãos e outros padrões de comportamento, classicamente associados aos quadros típicos de autismo infantil. Apesar de haver várias tentativas de explicação para esses tipos de comportamento, em algumas crianças, eles parecem suprir a necessidade interna de estímulos sensoriais.


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE HIPO-REAÇÃO A ESTÍMULOS SENSORIAIS:


Estimulo tátil

• Procura tocar muito e com força em objetos animais e pessoas, chegando a incomodar

• Coloca objetos na boca com freqüência

• Parece sentir menos dor e temperatura

• Parece não notar quando alguém o toca

• Não nota quando suas mãos ou rosto estão sujos


Estímulo Vestibular/Proprioceptivo

• Pode balançar ou rodar por longos períodos de tempo. Demora a ficar tonto.

• Procura constante de movimento(correr, pular), que interfere em sua rotina diária.

• Balança o corpo inconscientemente durante uma atividade(Ex: enquanto assiste televisão).

• Se arrisca excessivamente enquanto brinca. Sobe em lugares perigosos e se movimenta sem nenhuma cautela comprometendo sua segurança pessoal

• Pouca consciência da posição e movimentação do corpo no espaço

• Tromba em móveis, paredes e pessoas

• Postura pobre, parece ter músculos fracos

• Dificuldade em ajustar a força que deve usar ao brincar, praticar esportes ou na relação com as pessoas• Está sempre se apoiando nos móveis e em pessoas


Estímulo Visual

• Tem dificuldade para encontrar um objeto no meio de outros, como por exemplo, achar o brinquedo preferido na caixa de brinquedos)

• Parece não perceber quando alguém entra no ambiente

• Gosta de estimulação visual usando lanterna

• Joga vídeo game ou fica em frente a televisão por horas seguidas


Estímulo Auditivo

• Gosta de sons estranhos

• Faz barulhos por puro prazer de fazê-los

• Parece não escutar o que você diz• Não responde ou demora a responder quando é chamado pelo nome

• Parece indiferente num ambiente movimentado

• Tem dificuldade para ajustar a altura da voz


Além dos problemas de modulação, uma outra disfunção de integração sensorial são as falhas de discriminação, que se caracterizam por dificuldade para interpretar as característica temporais e espaciais dos estímulos sensoriais (Lane, Miller & Hanft, 2000). A capacidade discriminativa é muito importante para o desenvolvimento de habilidades, como por exemplo, reconhecer o formato dos objetos pelo tato, saber a posição do nosso corpo no espaço, que são essenciais para atividades corriqueiras, como encontrar uma chave dentro da bolsa sem precisar olhar, graduar a força que colocamos no lápis para escrever, ou ajustar os movimentos quando andamos em uma superfície irregular.


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE POBRE DISCRIMINAÇÃO SENSORIAL:


Estímulo Tátil

• Dificuldade em diferenciar objetos sem o auxilio da visão

• Dificuldade para completar atividades de vida diária sem olhar (Ex: fechos, levar colher à boca)• Necessita sempre estar olhando quando manipula objetos pequenos(Ex: lápis)


Estímulo Proprioceptivo-vestibular

• Dificuldade em manter equilibro, especialmente quando está se movimentando

• Dificuldade em manter postura ereta sentado ou de pé por um período de tempo (Ex: Quando está realizando uma atividade em mesa logo se debruça sobre ela)

• Tende a andar na ponta dos pés

• Não calcula bem a força correta para manipular objetos ou tocar pessoas (Ex; ao escrever ou abraçar alguém)


Estímulo visual

• Dificuldade em perceber a forma e a posição dos objetos no espaço (Ex: diferenciar d de b)

• Dificuldade para reconhecer e agrupar cores, tamanhos, formas, símbolos)

• Problemas para avaliar profundidade e distâncias


Estímulo Auditivo

• Dificuldade em seguir mais de um comando verbal, apesar de conseguir cumprir cada um separadamente

• Dificuldade em localizar uma fonte sonora (Ex: virar em direção a um apito ou pessoa que chama)

• Não avalia bem a distância e a localização de um som (Ex: um carro que se aproxima)• Na presença de outros barulhos tem dificuldade em focar um som


Um dos problemas importantes relacionados à pobre discriminação de estímulos é a dificuldade para planejar e executar atos motores. Planejamento motor ou praxia é uma habilidade humana que requer esforço consciente e capacidade para conceituar, organizar e dirigir interações significativas com o meio ambiente (Ayres, Mailloux & Wendler, 1987). Isso inclui a capacidade para ter idéias do que fazer (ideação), para selecionar uma estratégia de ação (planejamento) e a capacidade para executar a ação. Por exemplo, quando uma criança pequena vê um velotrol pela primeira vez, ela é capaz de imaginar como subir ou descer dele sem receber instruções. A dispraxia é a dificuldade para planejar e executar atividades motoras não habituais. Crianças com esse tipo de problema geralmente parecem pouco criativas, brincam de maneira repetitiva, pois tem dificuldade para pensar em nova formas de interagir com os objetos. Elas muitas vezes precisam de modelos, observando outras crianças, para entender o que fazer com determinados objetos ou brinquedos.Existem vários tipos de dispraxia, com causas diversas, mas algumas dificuldades de planejamento parecem relacionadas a disfunções de integração sensorial. Segundo Ayres (1972), pensar sobre uma nova tarefa que requer movimento do corpo, dependente de complexa integração de estímulos sensoriais, especialmente tátil e, às vezes, vestibular, que dão condições para o cérebro desenvolver esquemas e planos motores para movimento. Se a informação sensorial é vaga ou deficiente, o cérebro tem uma base pobre para desenvolver esquemas para movimentação do corpo, o que resulta em menor habilidade de planejamento motor. Quando planejamos novas ações usamos os conhecimentos adquiridos em experiências anteriores e as sensações que o acompanharam essas experiências. Essa parece ser uma área crítica para crianças com distúrbios invasivos, que muitas vezes não sabem o que fazer com brinquedos e engajam em comportamentos repetitivos, como no caso de Lucas, por não ter idéias de como as coisas funcionam. Elas acabam ganhando pouca experiência sobre interações efetivas com o ambiente, o que perpetua suas dificuldades. Como indicado no quadro abaixo, a dispraxia tem componentes motores e cognitivos, que podem ser identificados através da observação da criança.


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE DIFICULDADE DE PLANEJAMENTO MOTOR:


Sinais cognitivos

• Dificuldade em decidir o que vai fazer e/ou como vai fazer (Ex: tira vários brinquedos da prateleira, mas não sabe o que fazer com eles apenas espalhando os)

• Dificuldade em traduzir idéia em linguagem ou em ação

• Dificuldade em descobrir como utilizar um brinquedo ou jogo novo§ Pouca criatividade ou inovação nas brincadeiras. Tende a ser repetitivo

• Dificuldade em dar seqüência a várias etapas de uma atividade necessitando ser ajudado, embora consiga realizar cada etapa separadamente Sinais Motores
• Dificuldade em aprender a executar com precisão atividades motoras novas que requerem movimentos amplos(Ex: pular corda, andar de bicicleta)

• Movimenta-se de maneira desajeitada.

• Dificuldade em aprender a executar atividades novas que requerem movimentos finos das mãos e dedos (Ex: recortar contornos, abotoar, amarrar sapatos)§ Dificuldades oro motoras, tais como, sugar, mastigar, soprar

• Dificuldade na coordenação olho-mão (Ex: fazer jogos de encaixe, colorir dentro de limites, escrever)


MAS COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS SENSÓRIO-MOTORES OBSERVADOS?


Uma das formas de melhorar a situação da criança é reconhecer que o problema existe e interfere de forma importante no desempenho funcional e na interação da criança com o meio. Usando os quadros de sinais apresentados anteriormente podemos identificar alguns comportamentos sugestivos de problemas de modulação e discriminação nos vários sistemas sensoriais. Entender esses problemas nos dá uma nova forma de ver a criança, que de birrenta ou agressiva, passa a ser vista como a mercê das falhas de processamento sensorial, que resultam no comportamento observado. Essa nova forma de entender o comportamento da criança ajuda os pais e professores a criar novas formas de interação, que vão propiciar situações mais positivas, iniciando um novo ciclo de relacionamento interpessoal. Baseados na teoria de integração sensorial, os pais podem criar brincadeiras e estruturar as rotinas diárias da criança, de forma a facilitar a organização do comportamento e um padrão mais previsível de resposta aos estímulos ambientais. Na maioria dos casos a criança pode se beneficiar do tratamento individualizado com Terapeuta Ocupacional especializado na terapia de integração sensorial.


A TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL


Este tipo de terapia envolve atividades que fornecem basicamente estimulação tátil, proprioceptiva e vestibular, dentro de um contexto de brincadeiras que vão se tornando gradualmente mais complexas para promover respostas cada vez mais maduras e organizadas,resultando em novas aprendizagens e comportamentos. O ambiente terapêutico é rico em equipamentos, materiais e brinquedos interessantes, como por exemplo: bolas e rolos de tamanhos, cor e texturas variados, balanços de formas diferentes, rampa para escorregar, cama elástica, almofadões e outros. O terapeuta organiza o ambiente de forma a oferecer desafios de acordo com o nível de desenvolvimento da criança.


Além da intervenção direta, a terapia inclui orientação a pais e professores. A consultoria, na qual se procura dar uma nova visão sobre os problemas da criança, é um tipo de intervenção usada principalmente nos casos de distúrbios de modulação, os quais muitas vezes são um problema maior para as pessoas que lidam com a criança do que para ela própria. Quando a abordagem de integração sensorial é bem sucedida a criança responde mais efetivamente as informações sensoriais e os pais relatam que ela está mais organizada, sendo mais fácil a convivência.Apesar da terapia de integração sensorial ser voltada para brincadeiras e atividades divertidas, envolvendo estimulação sensorial, vários estudos indicam que além de melhor habilidade lúdica, as crianças tratadas também apresentam melhorias significativas nas áreas de auto-cuidado, controle motor, atenção, linguagem, habilidade social, além de redução nos comportamento estereotipados (Schneck, 2001). Uma informação interessante dos estudos sobre eficácia das abordagens sensoriais com crianças que apresentam distúrbios invasivos, é que a terapia de integração sensorial parece ser mais efetiva em crianças que apresentam sinais de hipersensibilidade (Ayres & Tickle, 1980; Linderman & Stewart, 1999). Ou seja, crianças que apresentam sinais de problemas de modulação parecem obter mais ganhos com esse tipo de intervenção.Ressaltamos, mais uma vez, que a terapia por si só tem efeito limitado, pois muitas crianças necessitam de um acompanhamento mais amplo, que inclua o treino funcional, além do esforço combinado da família e equipe interdisciplinar. A família e a escola tem um papel essencial no tratamento, pois estão em contato constante com a criança e podem contribuir de maneiraefetiva, estruturando o ambiente para melhorar o comportamento ou então fazendo algumas brincadeiras e atividades para estimular o desenvolvimento da criança.


ATIVIDADES E BRINCADEIRAS SENSORIAIS


Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades, que podem ser feitas em casa ou na escola.Antes de apresentarmos essas sugestões algumas considerações são necessárias. Em primeiro lugar precisamos saber que Integração Sensorial não é o mesmo que estimulação sensorial e que algumas vezes pode ser necessário reduzir a quantidade ou certos tipos de estímulos. É importante reconhecer que cada criança é única em seus interesses, necessidades e respostas.Devemos observar suas reações a diferentes estímulos, como por exemplo, ao toque, ao movimento, à altura,aos sons e luzes, e estar prontos para alterar as atividades e fazer modificações no ambiente sempre que necessário. As respostas podem variar não só de criançapara criança, como também podem ser diferentes em um mesmo dia ou ainda de um dia para outro. A criança nos dará pistas sobre o que seu sistema nervoso precisa, procurando certas experiências sensoriais ou evitando e se desorganizando diante daquelas com as quais não sabe lidar.Os pais não precisam nem devem se tornar terapeutas de seus filhos, mas podem fazer algumas adaptações no ambiente e na forma como lidam com a criança, procurando sobretudo preservar uma boa relação entre pais e filhos. Manter a criança informada sobre o que vão fazer, antecipando situações de estresse, pode ser uma boa estratégia para ajudá-la a se sentir menos ameaçada e evitar comportamentos inesperados. Rotinas diárias bem estruturadas, sem rigidez excessiva, permitindo que a criança antecipe os eventos, também ajudarão a criança a se organizar. Mudanças na rotina devem ser comunicadas.


Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades que podem ser realizadas em casa ou escola, mas é preciso se ter um cuidado especial com a segurança, preservando sempre a integridade física e respeitando o desejo da criança.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRINCIPALMENTE PARA MODULAÇÃO TÁTIL :


• Evite tocar a criança por trás e de forma inesperada. Crianças mais sensíveis apreciarão um toque mais firme

• Na hora do banho incentive o uso de buchas. Na hora de secar use toalhas macias e se a criança for muito sensível vá apertando a toalha em seu corpo ao invés de esfregá-la

• Pintura do corpo: Usar materiais como talco, creme, amido, álcool (o adulto manipula ), creme de barbear, buchas, pincéis, rolinhos de pintura, luvas de tecidos texturados. Incentivar a criança a passar em seu próprio corpo ou no do outro. Não forçar, respeitar onde ela deseja receber o estímulo.

• Manipulação de texturas - Num recipiente plástico (bacia) colocar água , areia, farinha, creme, pedrinhas, cereais. A criança poderá experimentar estes materiais separados ou misturados. Misturar com as mãos, encher canecas, esconder objetos no meio, enterrar as mãos ou os pés e etc.

• Caixa ou piscinas de texturas - Caixas contendo grãos, flocos de isopor, pedaços grandes de espuma. A criança poderá entrar dentro da caixa para achar algum objeto escondido lá , ou se não suportar pode inicialmente, procurar o objeto com as mãos ou os pés .

• Trilha: Montar uma trilha, com superfícies de texturas variadas como papelão, tapete de retalhos, colchonete e carpete,almofadões, para que a criança se desloque sobre ela, rolando, engatinhando, ou numa brincadeira corporal com outra pessoa (ex: luta, trenzinho, natação no seco).

• Sanduíche: Usar colchonetes, almofadões ou cobertores para enrolar a criança, tipo rocambole, ou então amontoá-los sobre ela. Podemos cantar enquanto damos pequenos apertos sobre o corpo da criança. Podemos também enrolar a criança no colchonete e deixar que ela ande pela sala ou role pelo chão com ele.

• Abraço de Tamanduá - Abraço bem firme, apertado, incentivando a criança a fazer o mesmo. Abraçar e soltar pois a criança poderá ficar aflita se for muito demorado. Repetir várias vezes durante o dia .

• Amassa pão: Criança deitada sobre um tapete ou colchonete, rolar uma bola fazendo pressão sobre seu corpo. Chamar atenção para as partes do corpo. Observamos que atividades que envolvem o toque mais firme, como nas três ultimas sugestões, são geralmente muito apreciadas por crianças hipersensíveis.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ESTIMULAÇÃO PROPRIOCEPTIVA / VESTIBULAR:


• Usar balanços de tamanhos e formas variados, como rede, gangorra, trapézio, balanço infantil de cadeirinha. Colocar o balanço baixo, para a criança impulsionar sozinha. Um balanço bastante divertido e de baixo custo é pendurar uma câmara de ar de caminhão. Observar sempre se há proteção, com colchonetes, no caso de quedas.

• Rampa ou escorregador baixo, para descer em posições variadas (Ex: deitada de barriga para baixo ou para cima, sentada de frente ou de costas) e para escalar. Pode subir engatinhando ou se puxando por uma corda estando deitada de barriga para baixo.

• Carrinho de rolimã para usar sentado ou deitado de barriga para baixo. Fazer trilhas para percorrer. Descer em pequenas rampas.

• Tapete voador: Puxar a criança sentada ou deitada sobre uma colcha ou tapete. Variar direção e velocidade.

• Freqüentar parquinhos, incentivando, sem forçar, o uso do escorregador e de balanços.

• Bolas grandes próprias para ginástica podem ser usadas para várias brincadeiras. A criança sentada sobre a bola pode brincar de "pula-pula", balançar para trás e frente e para as laterais. Deitada de barriga para baixo a criança pode balançar para trás e para frente e, se gostar, pode até virar uma cambalhota.
Os balanços devem estar pendurados numa altura que permita a criança tocar o chão com os pés sempre que desejar. As crianças mais inseguras podem se sentir inicialmente melhor balançando no colo de um adulto. Procure sempre enriquecer as atividades nos balanços com outros objetivos (Ex: cantar, acertar alvos com os pés ou com as mãos, jogar bola num cesto ou com aoutra pessoa), isto é muito importante, principalmente para aquelas crianças que tendem a querer usá-los por muito tempo e de forma pouco criativa. Brincadeiras de puxar e empurrar estimulam os proprioceptores e podem ser combinadas com as atividades vestibulares acima citadas.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ESTIMULAÇÃO VISUAL:


• Chame a atenção da criança para acontecimentos no ambiente como, a fogueira, o nascer e o pôr do sol.
• Ligar e desligar a luz. Adaptar uma chave no interruptor para regular a luminosidade.

• Providencie uma variedade de opções de iluminação como, lâmpadas de mesa, lâmpadas coloridas, pisca pisca.

• Brincadeiras com lanternas, fazendo sombras ou movimentos na parede, iluminando objetos.

• Clarear a superfície de gavetas para facilitar que objetos sejam encontrados e da mesa onde a criança for realizar atividades.

• Providencie livros com figuras amplas.

• Usar preferencialmente papel branco e lápis preto para dar o máximo de contraste nos desenhos.

• Lápis fluorescentes podem ser usados sobre papel preto.

• Prancha inclinada sobre a mesa onde será fixado o papel poderá facilitar a escrita melhorando o campo de visão.

• Aquários com peixes coloridos.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ESTIMULAÇÃO AUDITIVA:


• Ensinar canções

• Ensinar rítmos

• Ouvir estilos musicais diferentes

• Variar o rítmo de uma mesma música

• Grave sons da natureza.


Finalmente, um aspecto importante a se considerarem qualquer programa para crianças que apresentam distúrbios invasivos do desenvolvimento é que na maioria da vezes temos boas idéias para brincadeiras e atividades, o problema, no entanto, é como levar a criança a participar. As sugestões de Greenspan e Weider (1998) sobre como iniciar e manter interações com crianças com distúrbios do desenvolvimento, apresentada no quadro abaixo, nos parecem bastante úteis para pais e cuidadores.


SUGESTÃO DE ESTRATÉGIAS PARA INICIAR E MANTER A INTERAÇÃO COM CRIANÇAS


• Acompanhe a criança e siga sua liderança. Observe seu comportamento e dê sentido ao que ela faz,agindo como se tudo fosse intencional. Por exemplo, se ela cai sobre o sofá, inicie uma guerra de almofadas, se ela deixa algo cair e faz um barulho diferente, repita, como se fosse intencional.

• Se posicione na frente da criança e ajude-a a fazer o que ela quer.

• Dê suporte às iniciativas da criança e expanda o conteúdo inicial, se faça de bobo, faça coisas erradas ou engraçadas e observe a reação. Se interponha no caminho da criança, interferindo de maneira divertida com o que ela está fazendo.

• Descubra o que atrai a atenção e causa prazer na criança. Use brincadeiras sensoriais (ex: balançar, pular, rodar e luta), jogos de causa e efeito, que aparecem e desaparecem, ou brincadeiras infantis, como o esconde -esconde e o "vou te pegar".

• Enfatize palavras e gestos, exagere a expressão facial e entonação, deixando claro seus sentimentos e intenções.

• Faça o que for possível para manter a interação e não interrompa a atividade enquanto conseguir manter a interação.

• De sentido aos sons que a criança emite, completando palavras, ampliando o conteúdo ou dando um contexto para a palavra emitida, coloque palavras ou dê nome aos sentimentos que ela conseguir expressar.

• Insista sempre em uma resposta, que seja um gesto, um som, um olhar.• Não desista da criança, seja persistente, paciente e espere pela resposta.


Foi apresentada uma visão prática dos problemas de processamento sensorial observados em crianças portadoras de distúrbios invasivos do desenvolvimento. São necessárias muitas pesquisas nessa área, mas esperamos que as descrições de sinais e sugestões de atividades ajudem pais e profissionais a compreender melhor alguns comportamentos dessas crianças, usando essa perspectiva para inspirar novas formas de interação e intervenção com essas crianças.
Fonte: http://omundomaravilhosodosautistas.blogspot.com.br/

(Por: Márcia Cristina Franco Lambertucci / Lívia de Castro Magalhães)
(Retirado de: Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, 3º Milênio - Walter Camargos Jr e Colaboradores, 2005)