Síndrome de Down
Histórico
Em 1866, John Langdon Down notou que havia nítidas
semelhanças fisionômicas entre certas crianças com atraso mental. Utilizou-se o
termo “mongolismo” para descrever a sua aparência. Segundo o Dr. John, os
mongois eram considerados seres inferiores.
O número de cromossomos presente nas células de
uma pessoa é 46 (23 do pai e 23 da mãe), dispondo em pares, somando 23 pares. Em
1958, o geneticista Jérôme Lejeune verificou que no caso da Síndrome de Down há
um erro na distribuição e, ao invés de 46, as células recebem 47 cromossomos e
este cromossomo a mais se ligava ao par 21. Então surgiu o termo Trissomia do 21
que é o resultado da não disjunção primária, que pode ocorrer em ambas as
divisões meióticas e em ambos os pais. O processo que ocorre na célula é
identificado por um não pareamento dos cromossomos de forma apropriadas para os
pólos na fase denominada anáfase, por isso um dos gametas receberá dois
cromossomos 21 e o outro nenhum.
Como forma de homenagear o Dr. John, o Dr. Jérôme
batizou a anomalia com o nome de Síndrome de Down.
Registros Antropológicos mostram que o caso mais
antigo da Síndrome de Down data do século VII, um crânio saxônico apresentando
modificações estruturais vistas com freqüência em crianças com Síndrome de Down.
Algumas pessoas acreditam que a Síndrome de Down tenha sido representada no
passado em esculturas e pictografias. Os traços faciais de estatuetas esculpidas
pela cultura Olmec há quase 3.000 anos foram considerados semelhantes aos de
pessoas com Síndrome de Down. Nenhum relatório bem documentado sobre pessoas com
Síndrome de Down foi publicado antes do século XIX.
Tipos de Trissomia do 21 ou Síndrome de Down
Há 3 tipos principais de anomalias cromossômicas
ou variantes, na sindroma de Down.
• trissomia simples
(padrão): a pessoa possui 47 cromossomos em todas as células
(ocorre em cerca de 95% dos casos de Síndrome de Down). A causa da trissomia
simples do cromossomo 21 é a não disjunção cromossômica.
• translocação: o
cromossomo extra do par 21 fica "grudado" em outro cromossomo. Nese caso embora
indivíduo tenha 46 cromossomos, ele é portador da Síndrome de Down (cerca de 3%
dos casos de Síndrome de Down). Os casos de mosaicismo podem originar-se da não
disjunção mitótica nas primeiras divisões de um zigoto normal.
• mosáico: a alteração
genética compromete apenas parte das células, ou seja, algumas células têm 47 e
outras 46 cromossomos (ocorre em cerca de 2% dos casos de Síndrome de Down). Os
casos de mosaicismo podem originar-se da não disjunção mitótica nas primeiras
divisões de um zigoto normal.
É importante saber, que no caso da Síndrome de
Down por translocação, os pais devem submeter-se a um exame genético, pois eles
podem ser portadores da translocação e têm grandes chances de ter outro filho
com Síndrome de Down.
Cariótipo
Características dos Portadores
O portador da Síndrome pode apresentar várias:
• A cabeça é um pouco que o normal. A parte
posterior da cabeça é levemente achatada (braquicefalia) na maioria das
crianças, o que dá uma aparência arredondada à cabeça. As moleiras (fontanela)
são, muitas vezes, maiores e demoram mais para se fechar. Na linha média onde os
ossos do crânio se encontram (linha de sutura), há muitas vezes, uma moleira
adicional (fontanela falsa). Cabelo liso e fino, em algumas crianças, pode haver
áreas com falhas de cabelo (alopecia parcial), ou, em casos raros, todo o cabelo
pode ter caído (alopecia total).
• Rosto tem um contorno achatado, devido,
principalmente, aos ossos faciais pouco desenvolvidos e nariz pequeno. Osso
nasal geralmente afundado. Em muitas crianças, passagens nasais estreitadas.
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• Olhos tem uma inclinação lateral para cima e a
prega epicântica (uma prega na qual a pálpebra superior é deslocada para o canto
interno), semelhante aos orientais. Pálpebras estreitas e levemente
oblíquas.
• Orelhas pequenas e de implantação baixa, a
borda superior da orelha ( hélix ) é muitas vezes dobrada. A estrutura
da orelha é ocasionalmente, alterada. Os canais do ouvido são estreitos.
• A boca é pequena. Algumas crianças mantêm a
boca aberta e a língua pode projetar-se um pouco. À medida que a criança com
síndrome de Down fica mais velha, a língua pode ficar com estrias. No inverno,
os lábios tornam-se rachados. O céu da boca (palato) é mais estreito do que na
criança "normal". A erupção dos dentes de leite é geralmente atrasada. Às vezes
um ou mais dentes estão ausentes e alguns dentes podem ter um formato um pouco
diferente. Mandíbulas pequenas, o que leva, muitas vezes, a sobreposição dos
dentes. A cárie dentária é observada com menor comparada com crianças “normais”.
• Pescoço de aparência larga e grossa com pele
redundante na nuca No bebê, dobras soltas de pele são observadas, muitas vezes,
em ambos os lados da parte posterior do pescoço, os quais se tornam menos
evidentes, podendo desaparecer, à medida que a criança cresce.
• O abdômen costuma ser saliente e o tecido
adiposo é abundante. Tórax com formato estranho, sendo que a criança pode
apresentar um osso peitoral afundado (tórax afunilado) ou o osso peitoral pode
estar projetado (peito de pomba). Na criança cujo coração é aumentado devido à
doença cardíaca congênita, o peito pode parecer mais globoso do lado do coração.
Em conseqüência das anomalias cardíacas e de uma baixa resistência às infecções,
a longevidade dos mongolóides costuma ser reduzida.
• As mãos e os pés tendem a ser pequenos e
grossos, dedos dos pés geralmente curtos e o quinto dedo muitas vezes levemente
curvado para dentro, falta de uma falange no dedo mínimo. Prega única nas palmas
(prega simiesca). Na maioria das crianças, há um espaço grande entre o dedão e o
segundo dedo, com uma dobra entre eles na sola do pé, enfraquecimento geral dos
ligamentos articulares.
• Genitália desenvolvida; nos homens o pênis é
pequeno e há criptorquidismo, nas mulheres os lábios e o clitóris são pouco
desenvolvidos. Os meninos são estéreis, e as meninas ovulam, embora os períodos
não sejam regulares.
É preciso enfatizar que nem toda criança com
síndrome de Down exibe todas as características anteriormente citadas. Além
disso, algumas características são mais acentuadas em algumas crianças do que em
outras.
Causas
Um dado que levanta a suspeita é a idade materna,
60% dos casos são originados de mulheres com mais de 30 anos. Casos com mulheres
de menos de 30 anos é de aproximadamente 1:3000; em mulheres entre 30 e 35 anos
o risco aumenta para 1:600, em mulheres com mais de 45 anos, até 1:50.
Uma explicação do efeito da idade ocorre na
ovogênese: na época do nascimento de uma criança, os ovócitos encontram-se na
prófase I e, logo após o nascimento, interrompem a meiose por um período que
dura de 12 a 50 anos (da menarca à menopausa). Quanto mais longo for esse
período, por mais tempo permanecem interrompidas as meioses dos ovócitos e mais
influências ambientais (radiações, medicamentos, infecções) podem alterar a
segregação dos cromossomos originando, em conseqüência, maior número de óvulos
aneuplóides
Um fator independente da idade e que possivelmente
aumenta a ocorrência de zigotos aneuplóides é que, ao ser lançado na tuba, o
ovócito encontra um meio diferente daquele em que permaneceu vários anos; desse
modo, ele fica exposto à ação de fatores ambientais, tornando-se mais vulnerável
à ocorrência de não-segregações.
Dados revelam que 20% dos casos de trissomia do 21
derivada falta de segregação ocorrida na gametogênese paterna. Nesse casos, o
aumento da idade paterna também acarreta aumento na ocorrência das aneuploidias,
porém esse efeito só é constatado claramente em pais com idade superior a 55
anos; como a paternidade nessa idade é relativamente rara, esse fato não foi
percebido com a mesma facilidade como nas mulheres com mais de 35 anos.
Métodos de Diagnose
O diagnóstico é feito através do cariótopo, que é
a representação do conjunto de cromossomos de uma célula. O cariótipo é,
geralmente, realizado a partir do exame dos leucócitos obtidos de uma pequena
amostra de sangue periférico. Somente este exame é que realmente comprova o
cromossoma extra com um número total de 47, como resultante de uma trissomia do
cromossomo 21.
Também é possível realizá-lo, antes do nascimento,
depois da décima primeira semana de vida intra-uterina, utilizando-se tecido
fetal.
No entanto as características fenotípicas, citadas
anteriormente podem apresentar um forte indicio da doença ,sem o uso do teste.
Rastreio pré-natal
• Amniocentese É o
método mais usado na detecção de trissomia 21 nas gravidezes de “alto risco”. É
feito retirando-se uma pequena quantidade de líquido que envolve o bebê no
útero, durante a gravidez.
• Amostra de vilosidades coriônicas. Trata-se
duma biópsia transvaginal às 10-12 semanas de gestação. Relativamente à
amniocentese, tem como vantagem a detecção mais precoce das anomalias
cromossómicas , mas está associada a uma taxa maior de abortos (2-5%). Pensa-se
que esteja associada a defeitos nos membros e das mandíbulas do feto, embora os
estudos não sejam muito conclusivos.
• Ecografia Algumas características fetais podem
ser indicadores de T21, como, por exemplo, o tamanho da fossa posterior, a
espessura das pregas cutâneas da nuca, as posturas da mão e o comprimento dos
ossos. Embora esta técnica seja promissora, ainda não oferece garantias.
• Cariótipo das células fetais na circulação
materna. Outra técnica que promete ter futuro.
Leonardo Leite
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